Mais informações: 932 462 818
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“A UATP foi sonhada (desde 1986), concretizada (a partir de 1991) e cuidada (até 2019) por Maria Teresa Mota. Uma história de amor entre uma pessoa e um projecto como poucas haverá! Mas se essa “grande menina” não está, agora, fisicamente entre nós, está o espírito de integridade, simplicidade e coragem com que fundou esta Casa Alma .Não nos deixaremos levar pela tristeza de a ter perdido mas pela alegria de a termos tido. Vamos precisar da ajuda de todos, associados, professores e funcionários. Enquanto projecto cultural, prometemos fazer melhor, com mais beleza, mais delicadeza, mais união, mais sentido. As perdas amadurecem-nos”.
UATIP – Inscrições para o novo ano lectivo 2019/2020
No dia 1 de Outubro recomeçam as actividades na UATIP.
Acreditamos que vai ser um ano lectivo cheio de novidades e de (re)encontro humano.
Quem pretender vir a frequentar pela primeira vez as actividades lectivas da UATIP pode contactar-nos através do telefone 225506602, através do e-mail uatip@hotmail.com ou nas nossas instalações na Rua da Constituição 944, a partir do dia 19 de Setembro, entre as 10h00 e as 12h00 ou entre as 14h30 e as 17h00.
A UATIP é (ou procura ser) um lugar de permanente diálogo entre distintas sensibilidades religiosas, políticas e existenciais. “Ninguém sabe o suficiente para ser intolerante”, afirmou Karl Popper. Nestes tempos em que se multiplicam discursos e práticas para expulsar o outro, queremos celebrar o outro, nosso semelhante ou nosso diferente, acreditando que a hospitalidade, ou seja “o diálogo, é a resposta ética mais adequada aos desafios da contemporaneidade”.
A cínica pergunta de Caim: “Sou porventura o guardador do meu irmão?” continua a repetir-se para justificar o desinteresse pelas necessidades alheias. É esta indiferença que queremos combater em nós e fora de nós.
Citando Eduardo Galeano: “Seremos compatriotas e contemporâneos de todos o que tenham a vontade de beleza e vontade de justiça. Tenham nascido quando tenham nascido. Tenham vivido onde tenham vivido. Sem importarem as fronteiras do mapa e do tempo”. Zeferino Mota
25 de Junho a 6 de Julho de 2018
Após a tão bem acolhida quinzena cultural de 2017, “Os livros precisam de nós”, propomos, este ano, o lema “O direito à memória”. Caminhando a passos largos para a celebração do 30º aniversário, a UATIP, só por si, já possui um património de recordações que tem sido, entre nós, devidamente honrado. Em 2018 desejamos, no entanto, abordar a “arte da memória” num sentido mais amplo.
A quinzena cultural irá acolher intervenções científicas, culturais e artísticas organizadas em cinco núcleos, simultaneamente independentes e articulados, que passamos a apresentar:
1 – A Luta da Memória contra o esquecimento “A luta da memória contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento”. Milan Kundera
Começamos por identificar aquilo que de significativo, no interior da nossa comunidade, andamos a esquecer: os livros da biblioteca que estão à espera que alguém os desperte, os cuidados ecológicos na forma como funcionamos, os associados (os amigos) que temporária ou definitivamente deixam de poder frequentar as aulas, os saberes individuais que estão por partilhar, os vizinhos que não fomos conhecer. A quinzena cultural propõe-se lançar frentes de combate contra tais “esquecimentos”.
2 – Modernos e sem memória “Nós, modernos, não temos memória” F. Yates
A perda dos elos entre passado e presente, isto é da capacidade de lembrar, aparece na arte e nas ciências sociais como uma ameaça do mundo moderno. A memória surge como contraponto à submissão do homem à mecanização e à perda de sentido. Arendt denunciou não apenas a perda da memória mas a perda da consciência da perda da memória: indivíduos modernos esqueceriam que se esquecem e seriam felizes no seu esquecimento, embora a felicidade alcançada estivesse sempre limitada pelo facto de serem eles próprios constituídos por desejos, anseios e comportamentos alheios à sua vontade. A memória seria, assim, a condição de inserção dos indivíduos no espaço e no tempo, a forma de experiência que torna possível a acção individual responsável, ou seja, aquela que tem por finalidade o bem comum.
3 – O filtro de uma felicidade esquecida. “A tragédia (…)começou (…) quando desapareceram mentes para herdar e questionar, pensar e lembrar” H. Arendt
A nossa civilização tem sido perita em desenraizar. Desenraizamos povos de outros continentes, desenraizamo-nos a nós mesmos. Há décadas atrás, Albert Jacquard comentava que as novas gerações vinham ao mundo como se tivessem acabado de chegar de outro planeta. Actualmente, as “voracidades” a que somos sujeitos e o triunfo do imediatismo faz com que cada novo passo de um ocidental represente, quase sempre, um desenraizamento. Receptivos a uma informação sempre nova, sempre constante e quase sempre medíocre, vamos esquecendo aquilo que fomos, as pessoas que nos formaram, as canções que nos arrebataram, as subtilezas da nossa língua, a nossa identidade. A memória é (queremos acreditar!) o filtro que nos pode devolver a unidade e, quem sabe, uma felicidade esquecida.
4 – Os perigos da Memória: Velar o corpo que já não existe “Eu nunca soube como contar uma história. (…) Por que não recebi este dom?” Derrida
Jacques Derrida questionou a possibilidade de contarmos histórias com as nossas memórias e a possibilidade de expressarmos no presente experiências adquiridas no passado. Compara a memória ao pranto e à dor daquele que vela o corpo que já não existe. Este será um dos seus perigos. De igual modo, a memória pode ser um instrumento de dominação e opressão tão eficaz como o esquecimento. Por sua vez, tentativas de recuperar situações traumáticas como as do Holocausto, incapazes de traduzir a dimensão exacta do acontecimento, não têm o efeito perverso de banalizar o horror?
5 – O amanhã: digerir, assimilar e recriar os tesouros do passado “A oposição entre o futuro e o passado é absurda. O futuro não nos dá nada, somos nós que, para o construir, temos de lhe dar tudo, dar-lhe até a nossa própria vida. Mas para dar é preciso possuir, e não temos outra vida, outra seiva, a não ser os tesouros herdados do passado e digeridos, assimilados que recriamos. De todas as necessidades da alma humana nada há mais vital do que o passado”. Simone Weil
É com a matéria do passado, naturalmente sujeita a questionamento e análise, que nos propomos combater pelo amanhã. Num mundo que por vezes parece ser gerido sem regras, que utopias estão a ser preparadas na defesa de um futuro com lugar para o pensamento, a cultura, a paz e a dignidade?
INSCRIÇÕES DE NOVOS ALUNOS
Há mais de 28 anos idealizada…
Há 26 anos nascida…
Há 23 anos na Rua da Constituição…
Uma aventura de Arte e de Conhecimento.
Um Projecto Pioneiro na Cidade do Porto.
2017, ano de Recomeçar
Os interessados devem dirigir-se à rua da Constituição 944, de Segunda a Sexta, entre as 14h30 e as 16h30, ou, de preferência nesse mesmo horário, solicitarem informações através do seguinte número de telefone: 225 506 602.
“(…) quando uma escola também é casa, ajuda-nos a ter centro, transformando-se num abrigo onde podemos conceber utopias.”
26 de Junho a 8 de Julho de 2017
Em 2006, ao celebrar quinze anos de existência, a UATIP organizou a sua primeira semana cultural, convertendo-se esse evento num momento fundamental da vida da associação, em que a comunidade de alunos, funcionários, professores e convidados aprofunda a reflexão sobre um tema comum.
A Jornada Cultural da UATIP proposta para 2017 constrói-se a partir da afirmação “Os livros precisam de nós” já que sem o nosso interesse e sem a nossa curiosidade deixarão de ser manuseados, lidos, partilhados e comentados. Para os salvar só há uma possibilidade: dedicar-lhes o nosso tempo.
Neste ano lectivo, a UATIP criou o curso de História do Livro e da Leitura e tem estabelecido relação com espaços que estão a reavivar o prazer da leitura e a partilha do gosto pela mesma.
Por sua vez, a era “biblioclasta” em que parecemos viver suscita-nos uma reflexão sobre o Hoje.
À semelhança do que aconteceu em anos anteriores, identificamos áreas de intervenção, simultaneamente independentes e articuladas, que designamos por: Pensar no Tempo do Não Pensamento; As Hortas Familiares; Bendito o que Semeia Livros; A Sociedade Secreta da Língua Portuguesa; O Futuro na Raiz.
TEMAS
PENSAR NO TEMPO DO NÃO PENSAMENTO
O simples facto de pensar é político. Daí a luta insidiosa, e por isso mais eficaz, conduzida actualmente, como nunca, contra o pensamento. Contra a capacidade de pensar. V. Forrester.
Como actividade paralela à carreira de “A vida de Galileu”, Rui Pereira apresentou a comunicação “Pensar e Impensar – Glosas sobre o pensamento em tempos de não-pensamento”. Relançamos a questão através de um ciclo de comunicações sobre este tema.
BENDITO O QUE SEMEIA LIVROS
Oh! Bendito o que semeia/Livros à mão cheia/E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma/É germe – que faz a palma,/É chuva – que faz o mar! Castro Alves.
Livros de G. Steiner, A. Manguel, E. Morin, H. Arendt, R. Scruton ou E. Lourenço, entre muitos outros, têm sido “semeados” na UATIP. Iremos, este ano, procurar tomar contacto com formas distintas de “semear” livros.
AS HORTAS FAMILIARES
Era um burgo pobre, sujo, reles até – mas gostaria tanto de lhe pôr um diadema na cabeça. Eugénio de Andrade.
O tema Hortas familiares surge da necessidade de nos alimentarmos do que cultivamos, daquilo que vemos crescer, do que vem do nosso terroir. Defendemos que o esquecimento dos “nossos” escritores pode ser uma forma de destruição de património tão grave e até, provavelmente, tão definitiva como aquela que faz implodir rastos arqueológicos. Ainda assim, a razão principal que nos leva a celebrar o património literário portuense é porque este é um “ser” vivo, fértil e generoso.
A SOCIEDADE SECRETA DA LÍNGUA PORTUGUESA
“Interessa-nos primacialmente(…) esta possibilidade de encarar cada língua como constituindo um sistema semiótico de compreensão do mundo, como um ato de liberdade que é condição de sobrevivência dos povos, sendo plausível que se tivermos mil modos diferentes de compreensão do mundo isso enriquecerá as possibilidades de existência humana na sua aventura histórica” Pedro Calafate
A actual uniformização linguística não só não é questionada como parece ser amplamente promovida por cientistas, artistas e académicos. Propomos então contrariar a “desvalorização” da língua portuguesa nos “locais” aonde se poderia reinventar, como é o caso de teses académicas, congressos ou espectáculos de teatro ou de música.
O FUTURO NA RAIZ
“A tragédia é que as pessoas perderam o hábito de herdar, logo perderam o hábito de transmitir. Mas nem todas”. Roger Scruton
Neste item iremos procurar começar a conhecer aqueles que na nossa “casa” e na nossa vizinhança estão a construir o futuro sem se desligarem da sua identidade.
Ana Paiva